sexta-feira, 18 de outubro de 2013



A saúde de Hierania Batista Avelino Peito.  A existência da deficiência visual e da Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-hauser marcam a sua vida - Parte IV.






Quando estava com quatorze anos de idade, Hierania queria saber o porquê não tinha tido a sua primeira menstruação.

Procuramos o departamento de ginecologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo para consultá-la.

Foram feitos diversos exames, dentre eles, o genético, pelo qual verificou-se a presença do corpúsculo de Barr ou da cromatina sexual em seus genes sexuais, que são visíveis em suas células somáticas durante a intérfase, isto é, verificou-se ser biologicamente do sexo feminino.  Seu cariótipo é 46XX.

Verificou-se, ainda, que as suas gônodas, seu fenótico e sua orientação sexual confirmam que é uma pessoa do sexo feminino.  Nunca teve nenhuma crise de identidade de gênero.

Nesta época, foi diagnosticado que possuía a Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser do tipo I, que consiste na agenesia vaginal em grau leve, provavelmente em decorrência da rubéola.

Em outras palavras, ficamos sabendo que Hierania tem ânus, clitóris e vulva (pequenos e grandes lábios) perfeitos, sendo o seu hímen do tipo complacente.  Mas não tem útero suficientemente capaz para biologicamente abrigar uma criança pelos nove meses de gestação.  Seu útero é calcificado.  Jamais poderia gestar de maneira natural.  A única possibilidade para fazê-lo, dá-se por meio da inseminação artificial ou da fertilização in-vitro.

Também, a sua vagina é incompleta.  Apenas possui 3,5 centímetros de profundidade.  Existe um fundo cego que tem que ser alvo de cirurgia ou deve ser utilizado outras técnicas médicas para a sua construção com fins de se solucionar a questão para lhe propiciar uma condição mais benéfica para viver a sua vida sexual adulta, de maneira saudável e satisfatória.

Em 2005, Hierania realizou um ultrassom pélvico para verificar a sua ovulação com fins de realizar uma possível crioterapia.  Teve sorte, pois este foi realizado no exato momento em que ovulava.

Tive o prazer de ver que o óvulo humano parece-se com uma estrela de grande luz.  O médico disse-nos que o seu óvulo era de excelente qualidade, em termos de tamanho e consistência.

O controle de seu período fértil foi possível por meio da informação de seu próprio organismo.  Todos os meses, Hierania sentia regularmente uma grande sensibilidade em seus seios a partir do seu vigésimo dia.

Lembro-me, que teve Tensão Pré-Menstrual (TPM) por três ou quatro vezes, aproximadamente.  Este era um outro sintoma orgânico de sua ovulação regular.

Porém a crioterapia de seus óvulos não pôde ser realizada, porque não preenchia as condições técnico-científicas para realizá-la.

Hierania não é estéril, mas é infértil.  Isto significa que não é capaz de levar uma gravidez até o seu fim e dar a luz a uma criança de forma natural.

Estas revelações tiveram um grande impacto em sua vida afetivo-sexual, sobretudo na adolescência, porque desde pequenininha sempre quis ser mãe.

A boa notícia ficou a cargo de que os seus demais órgãos são todos normais.  Seus ovários, suas tubas, seus rins, seu fígado, seu baço, seu pâncreas, seu apêndice, seu estômago, seus intestinos e sua bexiga não têm nenhum comprometimento morfológico, isto é, são todos bem delineados e organicamente saudáveis.

Ao longo de sua vida, foram consultados vários ginecologistas, dentre eles, os doutores, Antônio Carlos Franco, Sebastião Piato, Valéria Dias Cambraia, André Chaves de Castro Santos, João Pedro Junqueira Caetano, Gervásio José Barcellos Martins e Márcia Cristina da Cunha.  Sendo esta última, a sua atual ginecologista e mastectologista.

São todos excelentes profissionais liberais.  São sérios e competentes médicos brasileiros que muito nos dão orgulho.

Para o momento, não sabemos se Hierania encontra-se no período de menopausa.  Já, realizou a dosagem hormonal, mas ainda não obteve o resultado.

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