O capeta na região do Município de Peçanha
Na região em que nasci, o capeta rondava a fazenda dos maus fazendeiros. Eram muitas as fazendas em que vivia, confinantes e não confinantes.
O capeta fritava estes fazendeiros no fogo, isto é, pegava-os e sentava-os em qualquer fogo que encontrasse aceso.
Eram aqueles que eram perversos e desonestos. Eram os que furtavam e roubavam o gado dos bons fazendeiros e tudo o mais que encontrassem pela frente.
Também, matavam pessoas e animais para vingar. Isto por puro instinto de crueldade.
Estes maus fazendeiros sentiam prazer em praticar todo o tipo de violência contra o bom fazendeiro. Irradiavam felicidade com a maldade que faziam.
A população de toda a região comentava a felicidade que sentiam diante da crueldade que praticavam contra as pessoas boas e honestas.
Aos meus treze anos de idade, o capeta também apareceu em nossa fazenda. Ficou lá por algum tempo. Não me recordo se ficou uma semana ou um mês.
A diferença fundamental está, em que, nas outras fazendas, ele morava nelas. Saía de uma e ia para a outra.
Lá, em casa, ele apenas deu uma passadinha muito rápida.
O capeta foi conversar com a minha mãe, comigo e meus irmãos.
Dizia a minha mãe, que tinha ido me buscar, porque precisava da minha companhia ao lado dele.
Os meus irmãos, também, assistiram a presença dele e queriam matá-lo. Davam tiros, machadadas, porretadas, enxadadas e nada do capeta desaparecer.
O capeta transfigurava-se e figurava-se de um lado para o outro, quando os meus irmãos aproximavam para atacá-lo.
E dizia-lhes:
“_Olha eu aqui, seu bobo. Eu preciso é só dela. Eu não preciso de vocês não. Eu preciso dela para me ajudar. Ela tem que me ajudar, senão tudo o que eu consegui, eu vou perder.”.
O capeta transfigurava-se na figura de um homem de várias idades e de vários aspectos sociais. Ora, era um homem jovem, bonito e intelectualizado. Ora, um homem idoso sujo e mal-vestido.
Os meus irmãos eram: Getúlio, José e Hélio Batista Pereira.
Ivone Batista Pereira tinha oito anos de idade. Também, estava lá. Presenciou a tudo.
Minha mãe rezava o rosário sem parar e enrolava-me nele. Era de madeira com contas bastante grossas. Era costume todas as famílias terem o Rosário de São Francisco em casa. Por ocasião do falecimento de alguém, trançava-o no corpo do falecido para sepultá-lo.
O capeta, então, declarou, que, como não conseguia me levar daquela vez, disse-nos que iria encontrar comigo, em uma outra vez, um dia.
O tempo passou. Foi para São Paulo e voltei. Casei-me e passou-se ainda mais tempo.
Depois da aparição de Nossa Senhora na Basílica de Lourdes, em Belo Horizonte /MG, em 1973, consegui traduzir tudo o que aquele capeta em figura de pessoa que apareceu em nossa fazenda queria me dizer.
Interpretei o tempo e traduzi o sentido de sua mensagem.
Aquela transfiguração do capeta em forma de homem, era simplesmente para que eu pudesse saber interpretar a figura do ser humano na sua presença e na sua ausência na terra.
A mudança do mundo foi radical, depois da aparição de Nossa Senhora de Lourdes para a minha pessoa.
Graças a Deus, conheci o capeta. Mas também tive o privilégio de conhecer Nossa Senhora.
Assim, pude entender que Deus está no meio de nós.
Entendi que Deus separa os bons dos maus, os justos dos injustos, tal como é evangelizado durante a Missa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário