sexta-feira, 11 de outubro de 2013



O capeta na região do Município de Peçanha






Na região em que nasci, o capeta rondava a fazenda dos maus fazendeiros.  Eram muitas as fazendas em que vivia, confinantes e não confinantes.

O capeta fritava estes fazendeiros no fogo, isto é, pegava-os e sentava-os em qualquer fogo que encontrasse aceso.

Eram aqueles que eram perversos e desonestos.  Eram os que furtavam e roubavam o gado dos bons fazendeiros e tudo o mais que encontrassem pela frente.

Também, matavam pessoas e animais para vingar.  Isto por puro instinto de crueldade.

Estes maus fazendeiros sentiam prazer em praticar todo o tipo de violência contra o bom fazendeiro.  Irradiavam felicidade com a maldade que faziam.

A população de toda a região comentava a felicidade que sentiam diante da crueldade que praticavam contra as pessoas boas e honestas.

Aos meus treze anos de idade, o capeta também apareceu em nossa fazenda.  Ficou lá por algum tempo.  Não me recordo se ficou uma semana ou um mês.

A diferença fundamental está, em que, nas outras fazendas, ele morava nelas.  Saía de uma e ia para a outra.

Lá, em casa, ele apenas deu uma passadinha muito rápida.

O capeta foi conversar com a minha mãe, com os meus irmãos e comigo.

Dizia a minha mãe, que tinha ido me buscar, porque precisava da minha companhia ao lado dele.

Os meus irmãos assistiram a sua aparição.  Estiveram na presença dele.  Queriam matá-lo.  Davam tiros, machadadas, porretadas, enxadadas e nada do capeta desaparecer.

O capeta transfigurava-se e figurava-se.  Ía de um lado para o outro, quando os meus irmãos aproximavam-se dele para atacá-lo.

E dizia-lhes:

“_Olha eu aqui, seu bobo.  Eu preciso é só dela.  Eu não preciso de vocês não.  Eu preciso dela para me ajudar.  Ela tem que me ajudar, senão tudo o que eu consegui, eu vou perder.”.

O capeta transfigurava-se na figura de um homem de várias idades e de vários aspectos sociais.  Ora, era um homem jovem, bonito e intelectualizado.  Ora, um homem idoso sujo e mal-vestido.

Os meus irmãos eram: Getúlio, José e Hélio Batista Pereira.

Ivone Batista Pereira tinha oito anos de idade.  Também, esta minha irmã estava lá.  Presenciou a tudo.

Minha mãe rezava o rosário sem parar e enrolava-me nele.  Era de madeira com contas bastante grossas e grandes.  Era costume todas as famílias terem o Rosário de São Francisco em casa.  Por ocasião do falecimento de alguém, trançava-o no corpo do falecido para sepultá-lo.

O capeta, então, declarou, que, como não conseguia me levar daquela vez, iria encontrar comigo, em uma outra vez, um dia.

O tempo passou.  Fui para São Paulo e voltei.  Casei-me e passou-se, ainda, mais tempo.

Depois da aparição de Nossa Senhora na Basílica de Lourdes, em Belo Horizonte/MG, em 1973, consegui traduzir todas as coisas que aquele capeta em figura de gente que apareceu em nossa fazenda queria me dizer.

Interpretei o tempo e traduzi o sentido de sua mensagem.

Aquela transfiguração do capeta em forma de gente, era simplesmente para que eu pudesse saber interpretar a figura do ser humano na sua presença e na sua ausência na terra.

A mudança no mundo foi radical, depois da aparição de Nossa Senhora de Lourdes para a minha pessoa.

Graças a Deus, conheci o capeta, mas também tive o privilégio de conhecer Nossa Senhora.

Assim, pude entender que Deus está no meio de nós.

Entendi que Deus separa os bons dos maus, os justos dos injustos, tal como é evangelizado durante a Missa.

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