sexta-feira, 11 de outubro de 2013



O ensinamento bíblico





Secundo Avelino Peito era um marido muito ciumento.  Não permitia que eu pusesse sequer o nariz para fora de casa.

Com muito custo, permitiu que eu fosse à Basílica de Lourdes todas as terças e quintas-feiras por nove mezes consecutivos fazer orações pela promessa que fiz a Deus.

Tudo era muito difícil em nosso relacionamento.  Para conseguir sua autorização para ir rezar na Basílica de Lourdes, vejam só o que foi preciso fazer.

Precisei utilizar todos os argumentos que pude, implorando a sua autorização.  Até, que percebi que nenhum diálogo iria convencê-lo.

Então, disse-lhe que iria assim mesmo.

Secundo disse-me que eu queria ir a Igreja para ir dormir com o padre.  Não era para rezar o terço coisa nenhuma.

Precisei dizer-lhe que iria chamar o padre João Batista Megale para participar-lhe de suas proibições e para excomungá-lo.

De medo de ir para o inferno, concedeu-me a sua permissão.

Assim, a única coisa que me era permitido, era fazer orações mensais na referida Basílica.

As crianças e eu pegávamos um ônibus na Rua Abaeté, no bairro do Bonfim, e íamos alegremente rezar o terço.

Isto me era muito agradável, porque minha mãe ensinara-me a rezar o terço todos os dias, desde criança.

Enquanto rezava, Ricardo Sóstenes e Hierania passeavam pela Igreja e olhavam as imagens dos santos.

Em uma certa vez, Nossa Senhora de Lourdes conversou comigo na gruta da Basílica.  Descreveu-me toda a História da humanidade e contou-me tudo por que iríamos passar.

Como queria estudar a Bíblia Sagrada, Nossa Senhora disse-me que abrisse a porta para as pessoas que todos os dias me chamavam na porta de minha casa e que iriam novamente chamar-me as sete horas da manhã no dia seguinte.  Eram três anjos.  E um deles iria me ensinar tudo o que eu queria e  precisava saber.  Disse-me que poderia recebê-los e estudar a Bíblia, mas que não me batizasse, terminantemente, porque eu já era batizada e não precisava mais me batizar em lugar nenhum.

E, de fato, as três pessoas bateram na porta e tocaram a campainha, exatamente as sete horas da manhã, como Nossa Senhora me falou.  Eram Antonieta, sua irmã e um rapaz norte-americano.  Eram muito jovens.  Tinham entre dezoito e vinte e quatro anos de idade.  Pertenciam a “Congregação das Testemunhas de Jeová”.

Naquela época, a Igreja Católica Apostólica Romana não permitia que se estudasse a Bíblia Sagrada.  Isto era muito pecaminoso.  Era um pecado mortal.

Os padres queriam, até mesmo, dar-me a excomunhão, porque eu queria conhecer a História Sagrada e os mistérios de Deus.

Ficamos estudando a Bíblia Sagrada, por dez meses consecutivos.  Ensinaram-me a conhecê-la.  E, até hoje, leio a que adquiri deles, em 1973.  Gosto da sua tradução.

Uma certa vez, Antonieta disse-me que estava enserrado os nossos estudos e para continuá-los, teria que comprar um outro livro e batizar-me.

Não sei que livro era, porque só iria me vendê-lo, se eu me batizasse.

Ficou muito enfurecida, quando eu terminantemente recusei a sua imposição para que eu me batizasse.

Precisei trancar-me no banheiro por algum tempo e, vendo que não desistia, disse-lhe que iria chamar o Secundo para prendê-la, caso continuasse a insistir.

Como Secundo era juiz de Direito, Antonieta desistiu de seu autoritarismo.

Enfim, apenas quando quiseram que me batizasse e não aceitei, o nosso relacionamento social para os estudos bíblicos não mais aconteceu.

Não aceitaram o diálogo que tive com Nossa Senhora.  Não acreditavam nela.  Não a veneravam.  Cada vez que falava de Nossa Senhora, Antonieta enloquecia.  Ficava uma fera.

Antonieta acreditava que somente “As Testemunhas de Jeová” seriam salvas e ìam todas para o céu.  Os demais seres humanos eram todos pecadores que iam ser queimados pelo fogo do inferno.  Dizia-me que era um fogo que iria passar pelo mundo inteiro para purificar a terra.

Contestei-na.  Disse-lhe que Nossa Senhora não tinha me dito nada disto.

Naqueles idos de 1973, na Basílica de Lourdes, Nossa Senhora e eu tivemos uma conversa de uns vinte minutos, aproximadamente.

Contudo, espiritualmente, pareceu-me que conversamos por umas duas horas consecutivas.

Estava na gruta, rezando o meu terço pela promessa que tinha feito de rezá-lo por nove meses.  Quando terminei, levantei-me para ir molhar a mão na água benta da grutinha aonde fica a imagem de Nossa Senhora para benzer-me.  No meio do caminho, Nossa Senhora apareceu-me e conversou comigo.  As pessoas passavam e olhavam-me, mas não me tocavam.

Nossa Senhora disse-me, ainda, que, quando fosse convidada para aceitar o batismo, recusasse-o terminantemente; e que pegasse a Bíblia e fechasse-na e abrisse-na imediatamente.  O nome do capítulo da folha do lado esquerdo deveria ser marcado com um “x”.  Daquele texto em diante, teriam uns outros tantos capítulos, que, no futuro, seriam declarados para a orientação da humanidade.  E, daquele dia em diante, deveria lê-los todos os dias para abençoar a terra.  Estes capítulos eram os principais, mas deveria ler tantos outros para a direita e para a esquerda.

Enfim, entendi que Nossa Senhora disse-me que se deveria ler toda a Bíblia Sagrada, isto é, ler um versículo ou um capítulo, diariamente, até lê-la por inteiro.  Contudo, aqueles capítulos eram os distintos da Bíblia.

A Bíblia Sagrada deve ser lida por toda a vida de um ser humano.  A sua leitura é o alimento da alma humana.

Nossa Senhora disse-me, que seria uma Bíblia de cor verde.

E, de fato, “As Testemunhas de Jeová” levaram-me uma Bíblia de capa de cor verde.

A Igreja Católica Apostólica Romana tem conhecimento desta minha experiência mística.  Aceitou-na com muito respeito.

Apesar de suas convicções religiosas extremadas, gostava muito de Antonieta, de sua irmã e do rapaz norte-americano.  Eram boas pessoas.

Depois disso, voltei a encontrar Antonieta por umas três ou quatro vezes.  Conversamos apenas socialmente, vez que estávamos caminhando pelas ruas.  Não queria estabelecer um diálogo comigo.  Pareceu-me muito acanhada.

Mais tarde, fiquei sabendo que Rachel Maria Peito Schoenencorb, durante o seu curso de Direito, estudara a Bíblia Sagrada com um casal norte-americano das “Testemunhas de Jeová”, mas que, também, não se batizara.

Rachel Schoenencorb disse-me que insistiram muito para o seu batismo, durante muito tempo.

E, que, também, teve dificuldade de se desvencilhar delas.





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