sexta-feira, 4 de outubro de 2013



O ensinamento bíblico





Secundo Avelino Peito era um marido muito ciumento.  Não permitia que eu pusesse sequer o nariz para fora de casa.

Com muito custo, permitiu que eu fosse à Basílica de Lourdes todas as terças e quintas-feiras por nove mezes consecutivos fazer orações pela promessa que fiz a Deus.

Tudo era muito difícil em nosso relacionamento.  Para conseguir sua autorização para ir rezar na Basílica de Lourdes, vejam só o que foi preciso fazer.

Precisei utilizar todos os argumentos que pude, implorando a sua autorização.  Até, que percebi que nenhum diálogo iria convencê-lo.

Então, disse-lhe que iria assim mesmo.

Secundo disse-me que eu queria ir a Igreja para ir dormir com o padre.  Não era para rezar o terço coisa nenhuma.

Precisei dizer-lhe que iria chamar o padre João Batista Megale para participar-lhe de suas proibições e para excomungá-lo.

De medo de ir para o inferno, concedeu-me a sua permissão.

Assim, a única coisa que me era permitido, era fazer orações mensais na referida Basílica.

As crianças e eu pegávamos um ônibus na Rua Abaeté, no bairro do Bonfim, e íamos alegremente rezar o terço.

Isto me era muito agradável, porque minha mãe ensinara-me a rezar o terço todos os dias, desde criança.

Enquanto rezava, Ricardo Sóstenes e Hierania passeavam pela Igreja e olhavam as imagens dos santos.

Em uma certa vez, Nossa Senhora de Lourdes conversou comigo na gruta da Basílica.  Descreveu-me toda a História da humanidade e contou-me tudo por que iríamos passar.

Como queria estudar a Bíblia Sagrada, Nossa Senhora disse-me que abrisse a porta para as pessoas que todos os dias me chamavam na porta de minha casa e que iriam novamente chamar-me as sete horas da manhã no dia seguinte.  Eram três anjos.  E um deles iria me ensinar tudo o que eu queria e  precisava saber.  Disse-me que poderia recebê-los e estudar a Bíblia, mas que não me batizasse, terminantemente, porque eu já era batizada e não precisava mais me batizar em lugar nenhum.

E, de fato, as três pessoas bateram na porta e tocaram a campainha, exatamente as sete horas da manhã, como Nossa Senhora me falou.  Eram Antonieta, sua irmã e um rapaz norte-americano.  Eram muito jovens.  Tinham entre dezoito e vinte e quatro anos de idade.  Pertenciam a “Congregação das Testemunhas de Jeová”.

Naquela época, a Igreja Católica Apostólica Romana não permitia que se estudasse a Bíblia Sagrada.  Isto era muito pecaminoso.  Era um pecado mortal.

Os padres queriam, até mesmo, dar-me a excomunhão, porque eu queria conhecer a História Sagrada e os mistérios de Deus.

Ficamos estudando a Bíblia Sagrada, por dez meses consecutivos.  Ensinaram-me a conhecê-la.  E, até hoje, leio a que adquiri deles, em 1973.  Gosto da sua tradução.

Uma certa vez, Antonieta disse-me que estava enserrado os nossos estudos e para continuá-los, teria que comprar um outro livro e batizar-me.

Não sei que livro era, porque só iria me vendê-lo, se eu me batizasse.

Ficou enfurecida, quando eu terminantemente recusei a sua imposição para que eu me batizasse.

Precisei trancar-me no banheiro por algum tempo e, vendo que não desistia, disse-lhe que iria chamar o Secundo para prendê-la, caso continuasse a insistir.

Como Secundo era juiz de Direito, Antonieta desistiu de seu autoritarismo.

Enfim, apenas quando quiseram que me batizasse e não aceitei, o nosso relacionamento social para os estudos bíblicos não mais aconteceu.

Não aceitaram o diálogo que tive com Nossa Senhora.  Não acreditavam nela.  Não a veneravam.  Cada vez que falava de Nossa Senhora, Antonieta enloquecia.  Ficava uma fera.

Antonieta acreditava que somente “As Testemunhas de Jeová” seriam salvas e ìam todas para o céu.  Os demais seres humanos eram todos pecadores que iam ser queimados pelo fogo do inferno.  Dizia-me que era um fogo que iria passar pelo mundo inteiro para purificar a Terra.

Contestei-na.  Disse-lhe que Nossa Senhora não tinha me dito nada disto.

Naqueles idos de 1973, na Basílica de Lourdes, Nossa Senhora e eu tivemos uma conversa de uns vinte minutos, aproximadamente.

Contudo, espiritualmente, pareceu-me que conversamos por umas duas horas consecutivas.

Estava na gruta, rezando o meu terço pela promessa que tinha feito de rezá-lo por nove meses consecutivos.  Quando terminei, levantei-me para ir molhar a mão na água benta da grutinha aonde fica a imagem de Nossa Senhora para benzer-me.  No meio do caminho, Nossa Senhora apareceu-me e conversou comigo.  As pessoas passavam e olhavam-me, mas não me tocavam.

Nossa Senhora disse-me, ainda, que, quando fosse convidada para aceitar o batismo, recusasse-o terminantemente e que pegasse a Bíblia e a fechasse e abrisse-na imediatamente.  O nome do capítulo da folha do lado esquerdo deveria ser marcado com um “x”.  Daquele texto em diante, teria uns outros tantos capítulos para frente, que, no futuro, seria a orientação declarada à humanidade.

A Igreja Católica Apostólica Romana tem conhecimento desta minha experiência mística.  Aceitou-na com muito respeito.

Apesar de suas convicções religiosas extremadas, gostava muito deles.  Eram boas pessoas.

Depois disso, voltei a encontrar Antonieta por umas três ou quatro vezes.  Conversamos apenas socialmente, vez que estávamos caminhando pelas ruas.  Não queria estabelecer um diálogo comigo.  Pareceu-me muito acanhada.

Mais tarde, fiquei sabendo que Rachel Maria Peito Schoenencorb, durante o seu curso de Direito, estudara a Bíblia Sagrada com um casal norte-americano das “Testemunhas de Jeová”, mas que, também, não se batizara.

Rachel Schoenencorb disse-me que insistiram muito para o seu batismo, durante muito tempo.

Também, teve dificuldade de se desvencilhar delas.





Um comentário:

  1. Minha mãe trabalhou na casa de segundo avelino peito então juiz de direito como cozinheira na rua Arari no 85 no Bomfim em 1978 eu era criança mas me lembro dele e seus filhos Ricardo e hotel

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