quarta-feira, 28 de agosto de 2013



Hierania Batista Avelino Peito é vítima de “bullying” na sinagoga.  O rabino Leonardo Alanati diz que as pessoas cegas são como o “whisky do Paraguai”.









Esta minha filha sempre admirou muito o povo judeu por sua inteligência, sagacidade, persistência e fé em Deus.  Ela nunca gostou de injustiças.  Ela abomina o holocausto.

E, por coincidência, Hierania sempre teve muitos amigos judeus com quem sempre gostou de conversar horas e horas.

Quando conheceu o professor Pascal Peuze nas Edições Paulinas, aqui, em Belo Horizonte/MG, no início de 2006, resolveu estudar o “hebraico bíblico” e, depois, a “escuta da tradição de Israel”, sob a sua orientação.

Gostou muitíssimo do curso e resolveu aprofundar os seus estudos filosóficos e teológicos, sob o ponto de vista da doutrina judaica.

Por confiar na pessoa desse seu professor, aceitou o seu convite para fazer uma visita à Congregação Israelita Mineira, em 14 de maio de 2010.

Hierania ficou bastante empolgada, pois iria finalmente conhecer a cerimônia do início do “shabat”.

Nunca pensou que seria bítima de “bullying” na sinagoga.

No entanto, foi vítima de horrendas humilhações por parte do povo judeu que compõe esta comunidade, em 10 de agosto de 2010, ao participar de sua primeira aula a respeito da “liturgia judaica”.

Depois disso, Hierania entrou em depressão profunda, em razão do estado de choque em que ficou, após ouvir as agressões e violências à sua honra e dignidade de ser humano nesta reunião para estudos na sinagoga.

Somente neste ano, conseguiu retornar a uma sala de aula para retomar os seus estudos de línguas.

Atualmente, estuda francês, hebraico, grego e italiano.

Pergunta-se:

_O rabino Leonardo Alanati deu esse tratamento desrespeitoso e vil a minha filha, por quê foi esta a orientação que recebeu na escola de formação do rabinato?

_O rabinato compartilha do pensamento manifestado pelo rabino Leonardo Alanati sobre as pessoas com deficiência da visão?

_O que o rabinato diz a respeito da posição do rabino Leonardo Alanati em relação as pessoas com deficiência da visão ou cegas?

_O que a comunidade mineira pensa sobre os atos vis do seu rabino contra a honra e a dignidade de ser  humano de minha filha?

_E as demais comunidades, o que dizem?

Os relatos de Hierania mostram o que aconteceu naquela data na Congregação Israelita Mineira.

Senhor Leitor, leia-o e tire suas próprias conclusões.















Belo Horizonte, 10 de agosto de 2010

CURSO DE LITURGIA JUDAICA
DOCENTE:rabino Leonardo Alanati
DISCENTE: Hierania batista Avelino Peito
ENDEREÇO: Rua Rio Grande do Norte nº 477, Funcionários,
CEP: 30.130-130 - Belo Horizonte/MG.
Tel: (31) 3224-2129.


Introdução

O rabino Leonardo Alanati iniciou este curso, na data de hoje, apresentando-nos a bibliografia básica que será utilizada no mesmo.  Em suma, a obra adotada será a escrita por um cristão católico, intitulada: “Liturgia judaica”, editado pela Editora paulinas.

Ele nos disse que, atualmente, os templos judeus já se utilizam de incenso perfumado, a fim de que os judeus que jejuam tenham mais força para suportá-lo.

Liturgia judaica

No início, as orações judaicas eram realizadas em qualquer lugar, isto é, na rua, em casa, nos campos, etc...

Depois, adotou-se o costume de se rezar somente ajoelhado.  Mas este costume foi abandonado, ao longo dos tempos, para se diferenciar um fiel judeu de um cristão, permanecendo assim até os dias atuais.

São exemplos destas primeiras orações:
A) Êxodo 12, 13 – que fala da oração de Mirian, irmã de Moisés, pedindo a Deus uma graça;
B) Êxodo 18, 10 – a oração de Jetro, sogro de Moisés, a Deus;
c) Deuteronômio 26, 5 em diante – que fala sobre as festas judaicas;
d) I Samuel 4 – que revela a oração de Hannah a Deus, pedindo um filho para dar continuidade a sua descendência; e
Daniel 10 – onde Daniel rezava sozinho a Deus em sua casa particular fora de Jerusalém, mas voltado para ela.

O livro dos Salmos é um belo livro de orações para os judeus.

Para os israelitas, há três formas de dízimo.

Há várias passagens bíblicas que indicam que uma comunidade é formada por dez membros para os israelitas.  Assim, certas orações só podem ser feitas na presença de dez israelitas no shabat e nas festas sagradas.  Exemplo; Deus disse que se houvessem dez pessoas justas em Sodoma ou Gomorra, estas cidades não seriam destruídas.  E, como só haviam seis pessoas justas, isto é, Ló, sua mulher, duas filhas e dois genros, estas cidades foram destruídas por completo.

Na Idade Média chegou a haver 349 sinagogas em Jerusalém.  Estas eram sinagogas pequenas, onde cabiam, no máximo, vinte pessoas.  O rabino disse ainda a seus alunos, que sua sinagoga seria considerada uma sinagoga bastante grande naqueles tempos.

Sinagoga é uma palavra grega para denominar o templo judeu, o qual sempre se divide em três partes:
a)         Casa da Assembléia;
b)         Casa de Oração; e
c)         Casa de Estudos.

É na Casa de Estudos que se realiza o midrash ou o drash, que é a busca pela sabedoria.

Para Deus, o templo é primeiro uma questão temporal, para depois, ser uma questão espacial.

As orações sagradas para os judeus são aquelas que são realizadas nos dias santos judaicos, quais sejam:

a)                  shabat;
b)                  festas santas judaicas; e
c)                   orações individuais dos judeus.

Segundo as orientações sagradas históricas e que estão contidas no Sidur, os Salmos que são rezados diariamente pelos judeus são:
a)         domingo: Salmo 24;
b)        segunda-feira: Salmo 48;
c)         terça-feira: Salmo 82;
d)        quarta-feira: Salmo 94;
e)         quinta-feira: Salmo 81;
f)         sexta-feira: Salmo 93; e
g)        Sábado: Salmo 92.

O rabino Alanati disse-nos que há uma corrente judaica que diz que os judeus devem fazer, no mínimo, três orações diárias.

Porém, particularmente, vale registrar que o próprio Sidur traz que há uma outra corrente, que admite que os judeus façam apenas uma oração diária, a qual tem o mesmo valor para Deus.

Segundo o livro de Gênesis, o shabat é o dia santo para os judeus.  Neste dia, não se deve trabalhar, exceto se for para salvar sua própria vida e a dos que ama.  É permitido salvar também a vida de seus animais.

Particularmente, quero, aqui, esclarecer, que, somente para os cristãos, o dia santo é o domingo, porque foi no domingo que Jesus Cristo ressuscitou.  Este é o símbolo que Deus deu aos homens de sua Nova Aliança com a humanidade.  Esta Nova Aliança possui muito mais luz do que a Antiga.

Também, esclareço que, somente para os cristãos, o sábado é o símbolo da Antiga Aliança de Deus com os homens.  Ela também possui a luz de Deus, mas, conforme nos ensina São Paulo em suas Cartas, a partir da vinda de Cristo, sua luz se tornou muito menor do que a da Nova Aliança que Deus nos deu através da morte e ressurreição de Jesus Cristo, seu filho amado.

vale aqui também dizer, que os Santos Evangelhos nos ensina, que Jesus Cristo veio ao mundo para trazer para perto de si, todos aqueles que sofriam e sofriam muitíssimo, pois, como eram vítimas de ferrenho preconceito, viviam marginalizados nas sinagogas e nas cidades.  Estes eram, por exemplo, os cegos, os coxos, os alejados, os surdos-mudos, os cobradores de impostos, os escravos, dentre outros seres humanos.

Nesta aula, tive uma presença bastante participativa, fazendo intervenções e questionamentos diversos ao rabino.  Primeiramente, perguntei-lhe se era uma oração o texto de Deuteronômio 27 e 28, o que foi me respondido que não era uma oração, mas sim uma lei para os judeus.  Foi me explicado que só pode ser considerada uma oração, os textos que são constantemente ou ciclicamente repetidos pela comunidade judaica.  O rabino citou o exemplo dos textos que são repetidos no shabat e nas festas judaicas.

Depois, questionei-lhe se a questão temporal e espacial do templo de Deus se aplicava também a manifestação de que Deus fizera a Davi, quando lhe disse que ele não iria construir o seu templo, mas sim seu filho, Salomão, quando se tornasse rei do povo judeu.  O rabino disse a todos que era verdade o que eu falava e, que, de certa maneira, também se aplicava.  Mas explicou-me, detalhadamente, que o templo era uma questão temporal, por já em Êxodo, Deus já havia mandado os israelitas construírem um templo para o adorarem, dando a eles todas as dimensões e formas de que eles deveriam ser construídos.

Por fim, abordei a questão de como os israelitas hoje vêem a pessoa com deficiência.  E, para minha total perplexidade, foi me respondido literalmente que ainda é vista como se vê um leproso, ou seja, como uma pessoa impura, cheia de pecados e que transmite doenças para as pessoas sadias.  Que se assemelhavam a um “computador velho que não funciona direito”; ou, a um “whisky do Paraguai que dava uma tremenda enxaqueca”; ou ainda, a um “pão velho e amanhecido”.

Os alunos, aos gritos eufóricos, lembraram-lhe que era como uma “galinha que põe uma dúzia de ovos de uma vez só; ou ainda, um “bezerro defeituoso que só serve para ser queimado no fogo”, o que recebeu total aquiessência do rabino.  Este, ainda, acrescentou que, nos antigos tempos bíblicos, esta queima do bezerro defeitoso era conhecida como o holocausto, repetindo, por várias vezes, que este era o verdadeiro holocausto.

E, em meio àquele delírio de todos, o rabino Leonardo Alanati ainda acrescentou:

“_Se você gosta do seu médico e quer muito agradá-lo, você não vai dar para ele um bezerro defeituoso como presente!  Hem?!...  Hem?!....  Vai?  Não, não vai.  Eu lhes asseguro com toda certeza que você não vai fazer isso, porque você sabe que o seu médico não vai ficar contente com você em receber, como presente, um bezerro defeituoso ou um “whisky do Paraguai” ou um “computador velho e que não funciona.  E, se ele não vai ficar contente com você, você sabe que ele não vai te tratar bem.  Então, você sabe que ninguém, em sã consciência e que gosta do seu médico, vai fazer isso não.  Nunca, jamais.”.

Uma senhora judia, demonstrando claramente encontrar se divertindo e festejando muito àquele martírio que me foi ali imposto, também aos risos e gritos de euforia, disse ao rabino Leonardo Alanati se ele aceitava um bolo e uma garrafa de vinho que ela iria trazer de sua casa para ele.  Ela disse isso por várias vezes, enquanto o rabino me insultava, e, em todas elas, este rabino, também em meio à risos de insensíveis escárnios e escancaradas ofensas, repetia-lhe que aceitaria sim e com muito prazer.

O rabino Alanati e sua comunidade foram unânimes em dizer que a pessoa com deficiência não pode ter nenhum destaque na vida social da comunidade, porque ela causa uma aversão muito grande, um horror imenso nas pessoas.  Disseram também, em meio a deboches, que ela causaria um terror tão grande que seria como se os judeus estivessem vendo um homem com a tatuagem de uma caveira no corpo fazer as orações ali no altar de Deus.  E acrescentaram que isso causaria uma comoção tão grande que ninguém se concentraria mais para fazer as orações a Deus, pois iriam ficar apenas prestando atenção no defeito da pessoa e isso as aterrorizariam muitíssimo.

Aí, como o ambiente ficou bastante tenso, muito carregado, dois outros alunos, em meio as eufóricas gritarias, pediram a palavra e deram suas contribuições pessoais.

Primeiramente, um senhor judeu da comunidade, parecendo se encontrar bastante indignado com aquele voluntário e espontâneo martírio imposto ali a minha pessoa, de maneira bastante exaltada, lembrou que a pessoa com deficiência não fazia o serviço religioso do templo naquela época, porque o serviço do templo era uma tarefa muito árdua para uma pessoa com deficiência realizar, porque isso exigia muita força física para carregar um boi, limpar o templo e acender o fogo, dentre outras muitas tarefas que lá eram realizadas diariamente, acrescentando que esta não era uma tarefa poética como hoje se imagina, o que concordo inteiramente com esta posição, pois já havia chegada a ela, quando dos meus estudos bíblicos autodidatas.

Já, em seguida, foi apresentada uma outra visão bastante oposta a acima descrita.  Uma outra senhora, que se identificou como cristã e que lá se encontrava, também claramente demonstrando está bem eufórica com aquele massacre moral de caráter de tortura  a minha pessoa que estava sendo ali desenrolado, lembrou que muito pior do que a questão física, é a questão moral das pessoas com deficiência.  Para ela, os deficientes físicos, a quem chamou de moralmente impuros, até podem participar dos cultos no templo, mas não podem ter nenhum destaque nele ou na comunidade.

Posição esta inteiramente abominável, por ser impregnada por postulados preconceituosos, eugênicos e nazi-fascistas ou excludentes socialmente dos seres humanos.

Há aqui de se recordar que Adolph Hitler e seus fanáticos seguidores pregavam mundialmente que os alemães eram a raça pura no mundo, a verdadeira raça ariana e, por isso, os judeus, considerados como raça impura, devia ser eliminados, como aliás, eliminaram seis milhões de seres humanos considerados impuros.

Esclarecemos ainda que a eugenia foi praticada na Alemanha, em larga escala, por Adolph Hitler e seus médicos assassinos, durante a II Guerra Mundial (1939-45), pois, segundo seus postulados e pressupostos, visa aperfeiçoar a raça, física e oralmente, por meio da seleção das características dos indivíduos.

Esse martírio por que passei, deixou-me primeiramente perplexa e posteriormente atorduada, humilhada e arrasada, perante toda aquela comunidade.  Pareceu-me que o chão havia sumido bem ali debaixo dos meus pés. 

Após o término dessas gratuitas ações de explícito escárnio e preconceito contra a minha pessoa, como me encontrava em estado de choque, não consegui prestar mais atenção em nada do que fora ali explanado sobre a liturgia judaica pelo aludido rabino, pois a aula continuou normalmente para os demais alunos, como se nada de grave tivesse ali ocorrido.

Maria Marta de Miranda e eu ficamos aterrorizadas e apenas esperando o término daquela aula para podermos nos retirar dali.

Antes porém, vale dizer, que, no calor daquela tortura psicológica, mesmo frente àquelas explícitas ações de convicto preconceito, ainda insisti em questioná-lo o porquê Deus escolhe uma pessoa e não outra para nascer com algum tipo de deficiência física, sensorial ou mental.

O rabino Alanati, em meio a muitos risos e escancarados escárnios insensíveis, então, disse-me que era uma questão muito complexa para ser respondida em apenas cinco rápidos minutos de conversa.  Porém, disse-me que iria estudar o assunto para posteriormente me dar uma resposta consistente e também para me repassar alguns textos para estudo, adiantando-me que, para o judaísmo, não existe criança impura.  Enfim, todas as crianças nascem puras.  Disse-me, ainda, que há dois textos judaicos muito interessantes que se intitulam: “Porque um justo sofre” e “O porquê coisas ruins acontecem para pessoas boas”.

Nesse ínterim, porém, o rabino Leonardo Alanati, passou a recitar uma oração judaica, presente na página 75 do Sidur, que pedia que os caluniadores sejam esmagados por Deus.  Ele também esconjurou São João Apóstolo e Jesus Cristo, negando a natureza divina de Cristo.

Quando lhe perguntei sobre como as Cartas de São Paulo eram vistas pelos judeus, o Rabino Leonardo Alanati fingiu não ouvir esta minha última pergunta e voltou a recitar os versos de uma oração judaica que pede que todos os planos dos caluniadores sejam frustrados.
Esclareço, aqui, que são Paulo, dentre outras coisas maravilhosas, nos diz que os judeus, por serem o povo escolhido, são tratados de forma diferente por Deus.  E, ainda, acrescenta em suas Cartas que é preciso que o povo judeu se perca, para que os não-judeus sejam salvos por Deus; e, quando se completar o número dos não-judeus que Deus quer salvar, os judeus voltarão a se encontrar, a fim de que todos, os judeus e os não-judeus que Deus quer salvar, sejam salvos por Deus.  Em outras palavras, é preciso que os judeus vivam, por um determinado tempo, na escuridão, para que os não-judeus sejam salvos; e, quando Deus determinar que os judeus voltem a ver a luz dele novamente, estes, sem que ninguém os ensine nada, voltarão a ver a luz de Deus.

Lembrei-lhe ainda que ele deveria ler e indicar aos membros de sua comunidade o Capítulo 58, do livro de Isaías, que explica a verdadeira função do jejum na vida dos seres humanos, bem como ler o seu Capítulo 53.  Entendi que precisava lhe dizer isso, porque o rabino havia ali pessoalmente me repetido que seria castigo de mais para um judeu, após jejuar, ter que ir ao templo e ver uma pessoa com deficiência fazer as suas orações diárias, acrescentando-me literalmente que:

“_Isso não dá.  Isso não da de jeito nenhum não.  Seria muito castigo, muito castigo mesmo...  Seria um martírio muito grande para as pessoas, principalmente para um pobre judeu, que após jejuar o dia inteiro, ainda teria que ver uma pessoa com uma mancha, uma cicatriz, bem ali em frente dos seus olhos como se fosse um homem com uma tatuagem de uma caveira no corpo, fazer ali no templo as orações para ele.  Isso não dá.  Isso não dá de jeito nenhum não.  Isso é demais para qualquer um.  Os pobres judeus, ainda mais depois de jejuar, iriam ficar horrorizados, aterrorizados com isso, com essa coisa pavorosa.  Deus não quer impor tanto sofrimento a uma pessoa assim não.”.

Ao final, vale registrar que o rabino Leonardo Alanati “muito gentilmente” concedeu-me o direito de utilizar o meu notebook, durante as próximas aulas do curso de “liturgia judaica” em sua sinagoga, fornecendo-me uma cadeira adaptada ou uma mesa para tal, pois sua secretária, de nome Rosa, ao realizar a minha matrícula no mês de julho de 2010, disse-me que, somente após a autorização expressa do rabino, ela poderia ceder-me a mesa ou a cadeira de braço para a utilização do meu computador portátil em sala de aula.

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