quinta-feira, 22 de agosto de 2013



republicação 5





Tendo em vista a revisão tipográfica do seguinte artigo, publicado em 16 de agosto de 2013, republicamo-o nesse espaço virtual.





A fama e a farsa





Não me recordo mais se o ano era 1991 ou 1993.  O fato é que, neste período, tivemos uma reunião.

Procuramos a redação da Revista Veja.  Esta ficava em São Paulo/SP.

A reunião estava marcada com o seu redator-chefe, Júlio César de Barros. 

Hierania e eu comparecemos no horário marcado.  Era uma bonita manhã.

Levamos um dossiê que Hierania tinha preparado.  Este continha denúncias a respeito das ilegalidades de natureza administrativa e criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG).

Júlio César de Barros disse-nos que não podia publicá-lo.  Mas pediu-o para estudá-lo.  Disse-nos apenas que iria ver o que poderia ser feito para resolver o nosso caso.

Nunca mais voltamos a vê-lo.

Não tínhamos nenhum político para patrocinar a defesa de nossos direitos civis e políticos.

Na verdade, nunca tivemos um elevado poder econômico.  E, naquele momento, enfrentávamos uma muito difícil situação financeira.  Esta era tão crítica, que tivemos que voltar caminhando da redação da Editora Abril até a nossa casa no bairro da Bela Vista.

E, por isto, não tínhamos nenhum valor humano para os poderosos dirigentes da Revista Veja.

Apenas fomos até lá, porque acreditávamos que o seu jornalismo era sério.  Atribuímos credibilidade ao seu trabalho.  Era, porém, apenas ilusão.  Sequer, entendiam a nossa linguagem.

falávamos de respeito aos nossos direitos civis e políticos, que estavam barbaramente sendo violados por criminosos de uma organização criminosa transnacional, infiltrada no TJMG e que possuíam títulos de desembargador.

Falávamos de subtração do dinheiro público por meio dos crimes de exploração de prestígio e de tráfico de influência.

Falávamos de improbidade administrativa no TJMG.

Falávamos de um gigantesco esquema de corrupção para fraudar as nossas pensões por morte de natureza especial, as quais, até hoje, são as nossas únicas fontes de renda.

Falávamos de respeito a nossa dignidade humana. 

A Revista veja, porém, não entendia esta linguagem.  Confundiam legalidade e moralidade com lavagem de dinheiro, isto é, dignidade humana, para eles, era apenas a ostentação de um poder econômico sem comprovação de sua origem.

Pedíamos apenas que a Revista Veja publicasse uma matéria para denunciar os crimes contra os meus direitos previdenciários de viúva e os de filha de Hierania de que éramos vítimas para defender o cumprimento da lei neste País. 

Isto não teve nenhum valor para a Revista Veja.

Para este poderoso grupo jornalístico, o cinqüenta e dois anos de trabalho profissional prestados por meu marido, Secundo Avelino Peito, ao Estado de Minas Gerais, não tinha nenhum valor.

Para eles, as nossas vidas eram insignificantes.  Hierania era apenas uma cega.  Eu, apenas uma dona de casa, sem diploma de curso superior.




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