segunda-feira, 12 de agosto de 2013



O jornalismo cultural de moda no Brasil 1










Bruna Micheliny Batista Pereira Ottoni _ ao concluir o seu curso de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (Unibh) _ produziu uma monografia a respeito dos figurinos das produções culturais.

Fez um estudo comparativo entre uma novela e uma minissérie de autoria do consagrado Gilberto Braga, da qual cedo parte, para que conheçam o seu potencial intelectual e o seu trabalho acadêmico-profissional.

Bruna Micheliny graduou-se em jornalismo, em Belo Horizonte/MG, em 2008.

Boa leitura.










            UNI-BH – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO (DCC)
CURSO DE JORNALISMO
DISCIPLINA: PROJETO EXPERIMENTAL EM JORNALISMO: METODOLOGIA DE PESQUISA
PROFESSOR: VANESSA CARVALHO









Resenha do Livro: “Figurino uma experiência na televisão”, de Adriana Leite e Lisette Guerra















TURMA JRM7: Bruna Micheliny











Belo Horizonte, 28 de abril de 2008.


Segundo Adriana Leite e Lissete Guerra o figurino é fundamental para a construção de um personagem, seja no teatro, no cinema ou nas telenovelas. Para tanto, a indumentária precisa atribuir características psicológicas sutis e profundas para compor uma cena: o design de figurino precisa efetuar um trabalho de estilização e depuração, ou mesmo de maximização, para que os sinais sejam apreendidos” (LEITE, e GUERRA, 2002, p.15).
Para as autoras, a moda assume, cada vez mais, uma influência significativa na sociedade, principalmente se esta é ditada pelas telenovelas. A indústria das vestimentas se apresenta como um mercado em potencial, que já conquistou respeito e destaque na economia nacional e internacional, através dos grandes eventos, programas de TV, revistas e manifestações artísticas.
Na produção das telenovelas, os figurinistas aproveitam da construção dos personagens da trama, para lançar tendências tanto no vestuário como na maneira de se comportar e agir, despertando interesses e necessidades de consumo por parte da sociedade. Seundo as autoras, o ambiente ficcional da televisão, especialmente das telenovelas, permite aos figurinistas criarem um universo paralelo que atenda os sonhos e desejos dos telespectadores e, também, garanta um retorno financeiro à indústria da moda. 
No livro, Adriana Leite e Lissete Guerra discutem o uso da indumentária baseadas em manifestações sócioculturais e afirmação de determinada classe social, ou comunidade. As roupas podem distinguir ricos de pobres apenas pela diferença do tecido usado entre eles. Foi então que no século XIV surgiu o conceito de traje: “A busca pelo novo, a superação do antigo e traz em si dinâmicas velozes que a caracterizam como o reino do efêmero” (LEITE, e GUERRA, 2002:p.33).
            Portanto, as tendências têm o objetivo de romper com modelo fixo comum, com o traje padrão. A moda chega para simbolizar a transformação, o progresso e o movimento ao longo dos anos. E a sociedade, segundo Adriana Leite e Lisette Guerra; é caracterizada por um sistema ditado pela moda e veiculado pela mídia, o que permite se criar uma própria vestimenta, reproduzir modelos ou mesmo reinventá-los, servindo de inspiração para os figurinistas.   
            O livro também discute a importância da teledramaturgia para o lançamento de novas tendências no mercado. A novela, geralmente, apresenta uma boa audiência e se desenvolve a partir da aceitação do público por determinada personagem ou situação dramática.

“De acordo com Comparato (1995), Gilberto Braga, roteirista de novelas: A novela é dotada de três núcleos dramáticos, divididos em classe sociais: uma da alta, outro da classe média e o terceiro da classe baixa (todos eles com plots, trama que gera conflito). Por meio de componentes dramáticos, esses três núcleos com seus respectivos plots começam interagir, aconfluir e a misturar-se” (LEITE, e GUERRA, 2002 : p.109).
  
            Segundo as autoras, a primeira novela da televisão brasileira foi lançada no ano de 1963, na Tv Excelsior, de São Paulo. A partir de então, a telenovela se concretizou como um gênero popular e de relevante importância sociocultural para o país, já que se tornou um hábito nacional, consumido, diariamente, por milhões de brasileiros e influenciando costumes, e linguagens. 
            Nas grandiosas produções das telenovelas, o figurino é o principal responsável para definir a caracterização de cada personagem, o qual inclui não apenas vestimentas, mas orientação no estilo do cabelo e na maquiagem utilizados. São realizadas diversas pesquisas para que o conjunto utilizado para garanta a construção de um esteriótipo que corresponda à vida real.  
            Para Leite e Guerra (2002), a responsabilidade de se consolidar a moda através de novela é do figurinista e, contudo, estes precisam de uma formação sólida que atenda as exigências dos telespectadores e o desenrolar da trama. São profissionais que precisam utilizar a participação da indústria da moda com intuito de garantir a criatividade nas telenovelas, não restringindo apenas à tipificação de trajes que simbolizem camadas sociais. Portanto, o figurino precisa interagir a ficção das novelas com as realidades das ruas a partir de uma construção rica e original. 

“É ajudando a construir o mundo ficcional que o figurinista se projeta em direção a um universo de certo modo mais amplo – o da realidade vivida com amplitude dos espaços, onde existem os homens de carne e osso, o plano exterior, em que reinam os indivíduos formadores da audiência , exigindo do profissional de figurino sempre mais.” (LEITE; GUERRA,2002:p228.)

             




INTRODUÇÃO


Levando em consideração o universo revelador dos figurinos e seus mais diversos recursos, além do contínuo avanço do jornalismo de moda na imprensa brasileira, consideramos relevante a análise de como as vestimentas dos figurinos retratam o estilo e a cultura de uma época, seja atual ou histórico, tomando como objeto de análise os figurinos de obras televisivas e sua interligação com a cultura de massa.
 Constatar como a mídia nos transporta para o momento histórico e a cultura de uma geração no passado, através dos figurinos de uma minissérie de época e como a mídia influência a moda da atualidade, através das telenovelas de grande repercussão nacional, faz com que o figurino seja reconhecido como um instrumento que apresenta inúmeros prismas, quanto a sua própria construção na narrativa e quanto ao seu universo simbólico.
A partir dos figurinos de novelas e minisséries, reconhecemos a personalidade do personagem, pois conseguimos identificar fatores como a sua classe social, idade, estilo, cultura, comunidade. O figurino é essencial na caracterização do vilão, da mocinha, do malandro e de inúmeros personagens que divertem e entretém muitos brasileiros na televisão. Além disso, esse também é responsável por aproximar ou causar certo distanciamento do telespectador em relação ao personagem.
Através da moda, somos apresentados as mais diversas culturas, etnias e momentos históricos. Por ser um país tropical e heterogêneo, em sua miscigenação de raças, a moda brasileira é muito diversificada, colorida, sensual e tem visibilidade no mercado internacional. A moda por ser efêmera e de acelerado desuso está relacionada à indústria cultural e ao sentimento de liberdade do próprio ser humano. Sua principal temporalidade são as quatro estações do ano, pois está se divide em primavera-verão e outono-inverno. Considerando que cada uma dessas tem um tempo médio de seis meses, o mesmo de uma telenovela brasileira, há uma possível relação de que a tendência de moda atual no Brasil é, também, seguida pelos padrões dos figurinos nas telenovelas brasileiras.
Identificar como os figurinos femininos, nas obras do autor Gilberto Braga, representam a moda de uma determinada época, a partir da análise da minissérie Anos Rebeldes (1992) e da telenovela Paraíso Tropical (2007), ambas transmitidas pela rede Globo de televisão, poderá ilustrar bem este contexto.
Para uma boa apreensão, no primeiro capítulo vamos contextualizar e fazer um breve panorama da história da moda do século XX e início do século XXI, além de relacionar a moda com a cultura de uma sociedade e identificar quais são as principais influências que guiam o jornalismo de moda.
No segundo capítulo, veremos como se dá a elaboração do figurino a partir dos seus aspectos de construção e interpretação narrativa e sua relação com a moda, além de analisar os vários aspectos determinantes do trabalho do figurinista. Ainda, vamos discernir quais são os elementos que representam a relação entre moda e figurino, o que os aproxima e difere.
            No terceiro capítulo, faremos a análise a partir da identificação dos aspectos culturais, socias e mercadológicos que determinam a moda como um todo dentro da atual sociedade, relacionando os interesses da grande mídia e as relações econômicas.  A junção da análise desses pontos em questão, presentes nas duas obras sugeridas, proporcionará um estudo a respeito do elo entre a tendência de moda através dos figurinos e da sua representação de uma época, bem como sua respectiva potencialidade diante do público consumidor.



totalmente no Rio de Janeiro, mais voltado para Copacabana, onde moram praticamente todos os personagens – do mais simples ao mais sofisticado.
Bebel é uma personagem que representa a diversidade desta composição. A jovem, que mora no litoral da Bahia, utiliza peças locais, com estampas de chita, crochês, brincos de linha e cores vivas. Seu visual, no entanto, sofre uma modificação quando passa a viver no Rio de Janeiro que, embora seja uma cidade também beira-mar, requer um figurino mais urbano. Suas roupas são muito sensuais, foi utilizada a moda das peças mais “recortadas” e justas ao corpo. Decotes e mini-saias, além da bota comprida até o joelho. Ao freqüentar ambientes mais sofisticados, a personagem renova seu guarda-roupa pela segunda vez. Vestidos mais sofisticados fazem parte do seu figurino, mas sempre muito sensuais valorizando as curvas, e apesar de serem mais clássicos, ainda há muito decote.
Outro arranjo que ressalta o contraste das roupas de Paraíso Tropical é o figurino das irmãs gêmeas: Paula gosta de peças básicas, com tecidos de algodão e malha; Taís opta por roupas fashion, de marcas fortes e provocativas. Ela certamente fez muita moda com seu figurino, principalmente com suas charmosas e enormes bolsas, que é peça marcante do personagem. Muita maquiagem também faz parte do look de Taís.
Há também outras variações de estilos: mais romântico como da personagem Camila, mais clássico analisando as jovens secretárias do grupo Cavalcante com seus terninhos, mais elegante e sofisticado como a Marion, a jovem advogada Fabiana e a Ana Luisa Cavalcanti, que foram vestidas pela mesma estilista, Graça Ottoni. Além dos jovens que fazem a moda “praia” em Copacabana, entre esses a personagem Joana se destaca. Seu figurino é bem moderno, e através dele lançou-se algumas modas, como: a blusa manga de morcego, as correntes compridas com pingentes grandes e as blusas mais soltas com caimento arrojado que deixa o ombro à mostra foram os destaques do figurino dessa personagem.
O autor responsável pelas quatro obras analisadas acima é Gilberto Tumscitz Braga, nascido no estado do Rio de Janeiro, em 01 de novembro de 1946. Trabalhou como crítico de teatro no jornal O Globo, cinematográfico. Teve sua estreia na televisão  no ano de 1973, quando assinou dois casos especiais, na mesma época em que atuou pela primeira vez como novelista.
Gilberto Braga foi o primeiro autor brasileiro formado exclusivamente para a televisão. Ele também se destacou pelas adaptações de obras clássicas literárias para a televisão como Helena, de Machado de Assis e Senhora de José de Alencar. Mas o maior sucesso foi Escrava Isaura (1976), baseada no romance de Bernardo Guimarães, cujo êxito foi enorme - foi a novela mais vendida de todos os tempos. Outro grande sucesso, foi quando ele entreteu vários brasileiros com o mistério em torno de quem matou Odete Roitman? (Beatriz Segall), personagem da novela Vale Tudo (1988). O mistério envolvendo uma morte já havia sido usado anteriormente em Água Viva (1980), com o bordão quem matou Miguel Fragonard? (Raul Cortez) e se repetiu na telenovela Celebridade (2003), que perguntava quem matou Lineu Vasconscelos (Hugo Carvana). Seu último mistério foi na novela Paraíso Tropical (2007), com o bordão quem matou Taís Grimaldi? (Alessandra Negrini).

1.2 Questão Principal
Como os figurinos das obras de Gilberto Braga representam a moda de uma determinada época, a partir da análise das minisséries: Anos Dourados (1986) e Anos Rebeldes (1992) e das telenovelas: Celebridade (2003, 2004) e Paraíso Tropical (2007)?


















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